Promover o salto tecnológico de micro, pequenas e médias empresas industriais brasileiras é o foco principal do novo programa Brasil Mais Produtivo, que será oficialmente lançado nesta quinta-feira (16) pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin. O lançamento acontecerá às 10h na sede da Confederação Nacional da Indústria, em Brasília.
“Trata-se do maior e mais impactante programa de produtividade e transformação tecnológica para micro, pequenas e médias empresas industriais já implantado no Brasil, conectado com a política de neoindustrialização inovadora, sustentável e indutora do desenvolvimento social”, afirma o ministro. “Com isso, ganhamos em competitividade e geramos emprego e renda de alto valor agregado – tanto na indústria como nos serviços”.
A nova fase do programa vai destinar R$ 2,037 bilhões para o engajamento digital de 200 mil indústrias, com atendimento direto a 93,1 mil empresas nos próximos três anos. Para fortalecer ainda mais a iniciativa, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviços (MDIC) articulou e trouxe para dentro do programa as instituições financiadoras BNDES, Finep e Embrapii, que agora se somam às parcerias já consolidadas com ABDI, Sebrae e SENAI – esses dois últimos como executores e com aporte de recursos próprios.
Com a união inédita de vários parceiros estratégicos, o novo Brasil Mais Produtivo oferecerá um ciclo completo de o ao conhecimento. As empresas atendidas vão entrar numa Jornada de Transformação Digital que a por aperfeiçoamento da força de trabalho, requalificação, melhores práticas de gestão, digitalização, otimização de processos produtivos e aumento de eficiência energética, culminando com crédito a juros baixos ou recursos não-reembolsáveis para adoção de tecnologias ligadas à indústria 4.0 e às smart factories, ou fábricas inteligentes.
Visão sistêmica
Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, o programa vai construir um ecossistema de produtividade excepcional no país.
“É um o importante para posicionarmos o que queremos para a indústria brasileira, já que enfrentamos graves problemas de produtividade. O programa se difere de outros pela visão sistêmica e capacidade de investimento, pois une consultoria a ação educacional para que os trabalhadores da indústria se apropriem do conhecimento e tenham autonomia para continuar o processo depois da saída do consultor”, acrescenta Alban.
Já a gerente de Transformação Digital da ABDI, Adryelle Pedrosa, destaca que os empresários entendem a importância da inovação, sabem que precisam agir e estão abertos a transformar seus negócios.
“Isso foi demonstrado no Mapa da Digitalização das MPEs brasileiras, realizado pela Agência em parceria com a FGV”, lembrou Adryelle. “O levantamento apontou que 68% deles estão abertos para participar de um programa de aceleração de sua maturidade digital. E o Brasil Mais Produtivo atua justamente nessa direção”, afirmou.
Estima-se que, de todas as empresas atendidas nesta nova fase do Brasil Mais Produtivo, ao menos 8,2 mil alcancem a chamada “fronteira tecnológica” ao final do processo – com instalação de sensores digitais na linha de produção, interligação de sistemas por computação em nuvens, utilização de Big Datas, IoT (internet das coisas), impressão 3D e inteligência artificial.
BNDES, Finep e Embrapii serão especialmente importantes nessa fase.
“Estamos engajados em apoiar o fortalecimento deste programa fundamental para a aceleração da difusão de tecnologias digitais, que irá contribuir para o aumento da produtividade e da competitividade da economia”, disse o presidente da Finep, Celso Pansera.
Segundo ele, a transformação digital é essencial para a indústria brasileira e é um dos focos prioritários de apoio pela Finep. “Ao adotar tecnologias avançadas de digitalização, as empresas otimizam seus processos, reduzem custos e melhoram a qualidade de seus produtos”, afirmou.
Já diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luis Gordon, destaca que a participação no novo Brasil Mais Produtivo reforça a missão do banco no apoio às micro, pequenas e médias empresas.
“A digitalização de processos e a inserção de novas tecnologias de manufatura avançada são essenciais para a recuperação da produtividade, ajudando também a promover a integração da indústria com o setor de serviços de valor agregado”, disse ele. “Essa parceria entre as diversas instituições, com a utilização dos recursos e instrumentos de maneira complementar, está totalmente alinhada à nova política industrial. E a união de esforços permitirá a ampliação do impacto no apoio à inovação e digitalização”.
Para o diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Embrapii, Igor Nazareth, os maiores trunfos do novo Brasil Mais Produtivo são o olhar abrangente sobre as necessidades internas das empresas para promover ganhos de produtividade e a transformação digital, e o encadeamento de diferentes instrumentos e instituições para oferecer um apoio completo.
“As etapas iniciais do programa apoiam os primeiros os das empresas na melhoria de processos e na transformação digital. A Embrapii entra nas etapas mais avançadas para complementar o que é oferecido pelos demais parceiros. Vamos oferecer recursos não reembolsáveis e apoio técnico das nossas Unidades para fomentar o desenvolvimento de novas tecnologias digitais que tragam ganhos de produtividade para a indústria brasileira como um todo”, destaca Nazareth.
Jornada de Transformação Digital
O Brasil Mais Produtivo existe desde 2016. De lá para cá, as instituições parceiras têm atuado separadamente em duas frentes: enquanto o Sebrae presta consultorias ao setor de Comércio e Serviços, o SENAI atende a indústria.
Na nova configuração, as unidades do SENAI e do Sebrae atuarão de forma coordenada, identificando as metodologias que melhor se aplicam às empresas atendidas, com técnicas para promoção de manufatura enxuta e eficiência energética, adoção de melhores práticas de produtividade e digitalização da gestão do negócio.
Nas etapas de apoio à transformação digital propriamente dita, o primeiro o será a elaboração de diagnóstico da maturidade para adoção de tecnologias industriais inteligentes, seguido de elaboração de projeto customizado, solução de financiamento e acompanhamento da implantação.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, destaca que, para a indústria voltar a crescer, é fundamental apoiar as micro e pequenas empresas desse setor.
O Sebrae vai preparar esses empreendedores tanto para as oportunidades como para os desafios da nova política industrial. Os pequenos negócios são peça-chave para a neoindustrialização brasileira. O Sebrae tem o compromisso da inovação, da sustentabilidade e inclusão.
Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional.
Ele lembra que o programa prevê várias etapas e que caberá ao Sebrae, junto com outros parceiros, a sensibilização de 200 mil empresas.
A porta de entrada para todas as empresas que pretendem participar do Brasil Mais Produtivo, inclusive dos setores de comércio e serviços, que continuarão a ser atendidos normalmente, é o site da ABDI, que vai direcionar os interessados para as modalidades do programa e para as respectivas páginas dos parceiros Sebrae e SENAI.
Para esta nova fase do programa, o SENAI desenvolveu uma plataforma digital com materiais, cursos e ferramentas de produtividade e transformação digital que facilitarão o aprendizado e a aplicação contínua por parte das empresas.
Nova política industrial
A modernização tecnológica das pequenas e médias empresas faz parte da Nova Política Industrial Brasileira, que está em construção no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e é guiada pelo conceito de missões.
São seis as missões definidas pelo CNDI. Entre elas, a que mais se alinha ao novo Brasil Mais Produtivo é a Missão 4, que busca “aumentar a produtividade da indústria brasileira por meio da incorporação de tecnologias digitais, especialmente as desenvolvidas e produzidas no país”.
Modalidades do programa
O novo Brasil Mais Produtivo terá quatro modalidades de atendimento até 2027, a saber:
- Plataforma de produtividade
– Até 200 mil micro, pequenas e médias empresas terão o a cursos, materiais e ferramentas sobre produtividade e transformação digital.
- Diagnóstico e melhoria de gestão
– Até 50 mil micro e pequenas empresas receberão orientação e acompanhamento contínuo de Agentes Locais de Inovação e outros instrumentos do Sebrae para aumento da produtividade, além de projetos setoriais do Sebrae que também serão oferecidos.
- Otimização de processos industriais – consultoria mais educação profissional
– Até 30 mil micro e pequenas empresas serão atendidas por consultoria em Lean Manufacturing ou Eficiência Energética e aperfeiçoamento profissional do SENAI.
– Até 3 mil médias indústrias serão atendidas por consultoria em Lean Manufacturing ou Eficiência Energética e aperfeiçoamento profissional do SENAI.
- Transformação Digital
– 360 empresas apoiadas com desenvolvimento de tecnologias 4.0.
– 8,4 mil MPMEs serão beneficiadas com soluções desenvolvidas por empresas provedoras de tecnologias 4.0, via chamadas Smart Factory, além da possibilidade de contratação de pós-graduação em Smart Factory do SENAI com desconto.
– Até 1,2 mil médias empresas serão contempladas com um plano completo de transformação digital, da elaboração do projeto de investimento ao acompanhamento.